Lugares imperdíveis para conhecer Street Art em São Paulo

08/07/2006 21:34

Grafiteiro acompanhou a reportagem de EXAME.com a quatro locais importantes da cena da street art da cidade.

São Paulo – Quando o grafiteiro e professor de arte André Monteiro foi julgado criminalmente, após ser pego grafitando em local proibido, ele não conseguia entender como sua arte poderia ser entendida como agressão ao meio ambiente. “E o cara que derruba a árvore e constrói um prédio no lugar não está cometendo um crime também?”, disse corajosamente ao juiz, há cerca de dois anos.

O protesto não adiantou e Pato, como é mais conhecido, teve que cumprir uma pena alternativa: dar aulas de arte em um hospital. Apesar de ter gostado da experiência, desde então, ele não arrisca mais ser preso. Só faz grafite quando o proprietário do imóvel em questão autoriza.

De forma permitida, clandestina ou até contratada, o grafite tem uma força grande em São Paulo. Por intermédio da empresa de apoio a eventos e turistas SP Bureau, o grafiteiro acompanhou a reportagem de EXAME.com por quatro lugares imperdíveis para quem aprecia esse tipo de arte.

O roteiro incluiu os chamados becos do Aprendiz e do Batman, na Vila Madalena, os muros da Escola Estadual Miss Browne, onde todo ano são feitos novos desenhos, e as proximidades da estação da CPTM Primavera-Interlagos.

Este último local foge um pouco dos passeios tradicionais, geralmente concentrados na região central – da Avenida Paulista e bairros Liberdade e Cambuci, mas, ainda assim, vale a pena. Em uma região periférica, onde o movimento do grafite é muito presente, os muros do entorno da estação foram pintados em homenagem ao companheiro Niggaz, morto há oito anos.

Periferia X Centro

Pato chama a atenção para o fato de que não é só a muralha que leva à estação que está preenchida com as cores dos sprays e do látex. Como em muitas regiões periféricas de São Paulo, o grafite está espalhado em paredes de casas e do comércio do bairro todo.

Quem é do meio reconhece os traços e o estilo dos colegas. Para pintar em locais não autorizados sem serem reconhecidos, eles usam apelidos ou assinam apenas o primeiro nome. A maioria entra no mundo do grafite por meio da pichação, o “primo pobre” da street art, e essa entrada é, muitas vezes, motivada pela busca de reconhecimento e inserção social.

“Pichação é questão de autoestima. A pressão do dinheiro é muito grande e os meninos encontram nessa cultura um lugar onde eles conseguem ser alguém. Não precisa ser bonito, nem rico. As coisas são medidas pelo mérito”, afirma Pato.

Tendo origem nas periferias, o lugar que marca o sucesso dos grafiteiros é o centro da cidade, onde eles passam a ter mais visibilidade e conseguem uma chance de ir para as galerias de arte. É esse trânsito entre centro e periferia que torna o tour de street art em São Paulo ainda mais rico.

FONTE: https://exame.abril.com.br/